Avançar para o conteúdo principal

Angola-Eng. João Burnay Caminho de Ferro de Luanda-Ambaca

"Em 31 de Outubro de 1886, iniciou-se a construção da linha do Caminho de Ferro de Loanda, sob a direcção do engenheiro João Burnay, e nela trabalavam nada memos que indivíduos de dez nacionalidades diferentes: portugueses, franceses, belgas, alemãs, ingleses, americanos, espanhois, italianos, um russo e um sueco."(1)
JOÃO BAPTISTA BURNAY também conhecido como JEAN-BAPTISTE (IV)BEAUPIN BURNAY , ou ainda mais comumente conhecido como o JOÃO BURNAY a que se referia Eça de Queiroz em vários dos seus inesquecíveis escritos. (2)
Este João Burnay foi o terceiro dos treze filhos de JEAN-BAPTISTE (III) REMACLE BURNAY, que foi o primeiro membro desta família a imigrar, a partir de Inglaterra, para Portugal no princípio do século XIX.


Segue-se um texto do Dr. João Augusto Martins, que no seu livro Madeira, Cabo Verde e Guiné, (1891), inclui entre os filhos ilustres de Cabo Verde João Burnay:
“João Burnay, esse revolucionário da industria fabril, esse terror, desvanecido do sr. Colares e da fábrica de Massarelos, esse tão discutido empreiteiro da Penitenciária e do caminho-de-ferro de Ambaca, este espírito zig-zagante e mordaz, essa verve deliciosa de ‘humour’ essa personalidade acentuada, essa excentricidade irrequieta, que tem percorrido todas as gradações sociais desde as clássicas águas furtadas até ao palácio Pombalino, onde Fontes, Daupias e tantos outros exigentes se esqueciam nas delícias do ‘confortable’. João Burnay, esse benemérito da troça, inventor dos trajes com que hoje todos nós vestimos certas palavras, deformando-lhes o sentido com a mesma elegância com que o sr. Straus apura, dá cheios e esterlica disfarçando arestas nos seus comendadores infatuados; este homem que nas grandes lutas da sua vida tem conseguido ter sempre da sua banda os que riem e os que pensam, esse industrial que criou e lançou grátis à publicidade o ‘indígena’ ¬ esse papalvo malicioso; o ‘comendador central’, essa criação do Romulares; o ‘topa’, esse pesadelo eterno da rua dos Capelistas.
Esse simpático e inteligentíssimo moço, por sobre cujos lábios como que volitam a ironia e a graça; essa organização vigoríssima cuja grande alma se revela na chama ardente de uns pequenos olhos claros; louro, altivo e belo como é, … é filho de Cabo Verde”.


O director das obras era, então, João Burnay, um experimentado engenheiro em ferrovias. Era tão competente que em 31 de Outubro de 1888 foi inaugurado o percurso de 45 quilómetros entre Luanda e Funda.
O governador decretou feriado e o comércio de Luanda fechou para todos irem à Estação da Cidade Alta ver partir o comboio, puxado por uma moderna máquina Armstrong.

 
Fig.1-Postal da Estação da Cidade Alta.


Nas imagens seguintes estão dois sobrescritos timbrados do Caminho de Ferro Transafricano-Empreitada Geral. João Burnay, constructor, Loanda, enviados pelo Eng. Civil James Madison Reid para os Estados Unidos, Texas para a irmã Miss M. L. Reid. 
Fig.3-Sobrescrito enviado em 13 Novembro de 87 para os Estados Unidos, Texas (31 Dez 87) com trânsito por Lisboa (12 Dez 87), com portes de 100 reis.
  


Fig.4-Sobrescrito registado enviado em dezembro de 89 para os Estados Unidos, Texas (22 Jan 90) com trânsito por Lisboa (11 Jan 90), com portes de 250 reis (vendido no ebay).

Neste segundo sobrescrito registado, foi utilizada a marca REGISTRADA/CORREIO DE LOANDA, com o número de registo inscrito no interior da elipse menor.


Fig.5-Registo n.º5034
Fig.6-Registo n.º2287

Esta marca já tinha sido utilizada no período dos selos coroa.


E mais um sobrescrito para a mesma destinatária:


_________________________________________
(1) Castro, Eduardo G. de Albuquerque (1949). Caminho de Ferro de Moçamedes- Direcção dos serviços de Portos, caminhos de Ferro e Transportes, Empresa Gráfica de Angola, Luanda. 
(2)

Comentários

  1. Celio... Are the Angola envelopes for sale?

    Thank you,

    Ralph vesparettas@yahoo.com

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

MaisPopulares

Angola- correio aéreo via Marselha

  Fig.1 e 2-Sobrescrito enviado de Luanda (22-3-1939) para a Holanda (31-3-1939), pagou de portes 33,75 Ags, 1,75 Ags do correio ordinário para cartas até 20 gramas e 32 Ags para os primeiros 8 portes da sobretaxa do correio aéreo para cartas enviadas via Marselha, sendo 4 Ags por cada 5g. Carta com 37g, em falta o segundo porte do correio ordinário.

Angola-erros nos selos mapa de 1955

O erro mais conhecido é o mapa azul-escuro e que está bem cotado ao nível dos leilões e catálogos da especialidade. Mostro a seguir alguns erros, menos conhecidos, desta série: 1) Ausência da impressão da cor vermelha. 2) Impressão da cor do mar deslocada Cor deslocada 3) Impressão de uma cor deslocada 4) Impressão anómala 5) Mapa amarelo-claro ?? 6) Prova de cor

Aeromaritime - Luanda-Ponta Negra

  Sobrescrito circulado em 19-7-1939 para Hamburgo, seguiu para Ponta Negra no 3.º voo da Aeromaritime no dia 21-7-39. Pagou 5,75 Ags para pagar 1,75 Ags correspondente ao 1.º porte do correio ordinário para cartas remetidas para o estrangeiro com peso até 20 g, e 4 Ags para o pagamento do 1.º porte da sobretaxa do correio aéreo para cartas remetidas via Ponta Negra/Marselha com peso até 5 g.

Angola- Erros

 

Angola - Correio aéreo - Selos Fixos

  Selos Fixos-  Tipo 4 Medidas:  3,8  x  1 ,4 cm  Altura letras: 2,5 mm Estação e cor:           Benguela  - Violeta Moçâmedes - Preto e violeta Nova Lisboa - Vermelho Silva Porto - Preto Sá da Bandeira - Preto Sobrescrito circulado de Moçâmedes (12.06.44) para Luanda (13.06.44) com selo tipo Império Colonial Português de 50c, violeta-rosa, MF 266, para pagar o primeiro porte interno do correio ordinário de uma carta com peso até 20g e selo fixo, batido a violeta, com o porte manuscrito de 0,90 Ags para pagar o primeiro porte da sobretaxa aérea interna de uma carta com peso até 5g. 

Angola- Conchas de Angola 1974

 1974 – Conchas de Angola. MF566 , 1$00, policromo, papel esmalte, denteado 12x12 ½. , com boa cor e com VALOR E LEGENDA “CORREIOS” OMISSOS. Erro não catalogado.

Cabo Verde- Mosteiros

  MOSTEIROS (ilha do Fogo) : povoação do Concelho do Fogo, Freguesia da nossa Senhora da Ajuda.  Estação postal de 2.ª classe.

Angola- Franquia Mecânica tipo III

  Tipo III (Pitney Bowes) Banco de Crédito Comercial e Industrial, N.º 162

Angola- Moldura deslocada

 

Angola - denteado deslocado