Avançar para o conteúdo principal

ANGOLA-Marcofilia de Maquela do Zombo

Maquela do Zombo: Vila, sede de Intendência de Fronteira; sede do concelho do Zombo, com os postos de Sede Quibocolo, Cuílo Futa, Béu e Sacandica; distrito do Congo.
C.T.T.: Estação T. Postal de 1ª e rádio de 2ª, com todos os serviços. Há uma carreira semanal para a Estação do Caminho de Ferro do Lucala, a 463 Kms, ligando no Negage à carreira diária Carmona-Negage. Há carreiras aéreas regulares. (2)


Foi primitivamente Posto Militar com o nome de Bongue, criado em 13.1.1896 e em 1911 passou a sede da Circunscrição do Zombo. Em 1915 foi criada a Circunscrição civil de Maquela do Zombo. Em 1917 foi sede do Distrito do Congo, aquando do desmembramento deste Distrito e a criação do Enclave de Cabinda. Mais tarde passou a sede do Concelho do Zombo
 

No governo de Manuel Maria Coelho (de 18/1/1911 a 26/2/1912)
Maio/Junho - Os Zombo entram em conflito com os soldados da guarnição. Faria Leal e, depois o governador de distrito, José da Silva Cardoso, concentram as forças em Maquela do Zombo. Estava em jogo, além do problema da cobrança do “imposto de cubata”, a distribuição das zonas de aliciamento dos carregadores. Para tal, decidem fazer uma ocupação militar de alguns pontos-chave: em Kibokolo, Bembe, Madimba e Damba, os quais foram protegidos por forças militares e fortins. Houve um entendimento com as populações, não sendo necessário entrarem em lutas. Com isso normalizara-se o comércio e os deslocamentos das caravanas, havendo mesmo certos progressos. Algumas povoações, então designadas “residências”, passaram a ter uma influência e utilidade mais efectiva. Todavia, por outro lado, aumentavam os contrabandos de armas e munições, em trocas com borracha, que por sua vez também começara a vir de contrabando do Congo Belga! Mas, no meio de tudo isso, uns e outros iam praticando o tráfico de escravos, às vezes sob a capa de “contratados” e muitos com a colaboração e conivência de algumas autoridades portuguesas e dos seus auxiliares nativos, manobrados por comerciantes e “especialistas do ramo”, pois todos “comiam” uma certa percentagem desse bolo, por cada cabeça comercializada!”.

Durante muito tempo Maquela do Zombo esteve com a protecção do posto militar devido aos conflitos da região, o que teoricamente fez aumentar o movimento dos correios da estação postal.
Imagem retirada do site revista militar

A estação postal de 2ª classe de Maquella do Zombo foi criada em 1885 pela Portaria 123 de 11.06.1885 publicada no B.O. 885 de 15.06.1885. 
A primeira marca de dia de Maquella do Zombo foi um carimbo octogonal do  4º grupo, esqueleto A5. É estranho que na grafia da localidade está MUQUELLA e não MAQUELLA, será gralha ou houve alteração do nome?

Imagem do selo do moguntia (SP)
Por volta de 1909 aparece um novo carimbo do 8º grupo.



"13 – Maquela do Zombo –Pela Ordem de Serviço nº 11 de 13.01.1914 foi atribuído carimbo e sinete nº. 13." (1)

Figura 1-carimbo numérico 13
   


Como se pode comprovar em 1914 estiveram em uso nesta estação duas marcas, uma numérica (Fig. 1) e outra do 8º grupo de 1909 (Figura 2)Pelas datas dos selos obliterados com o carimbo numérico temos datas anteriores a abril de 1914 e posteriores.
Figura 2- 27 de Abril de 1914

10-NOV. 19

Em 1915 a estação postal continuava classificada como 2ª classe, em 1914 teve um movimento  de 12:866 objetos postais e no ano de 1915 foi de 17:783.
A imagem seguinte permite-nos constatar que em 1935 ainda estava em uso o referido carimbo.
21 de Janeiro de 1935

Mas como duas marcas em uso não são suficientes para gerar confusão, existe, ainda,  uma terceira, o que no mínimo é bastante estranho.

1925
Esta marca teve um longo período de utilização, provavelmente até 1938, altura em que apareceram os novos carimbos do 14º grupo em 1938 (ver figura 3).
Este carimbo permaneceu em uso durante pelo menos 28 anos (Figura 4-1966), tendo coexistido com o carimbo do 16º grupo de 1947. 

Fig.3-Sobrescrito enviado a 17-06-1953 para Inglaterra com portes de 5,30 Ags.


Figura 4-24 de Janeiro de 1966



A concessão do brasão foi dada pela Port.ª n.º 19 076 de 15/3/62 publicada no Boletim Oficial n.º 13/62

Maquela do Zombo 1974




______________________________________________
Bibliografia: 
(1) Correia, Elder.História Postal de Angola (13) - Carimbos numéricos de duplo círculo, boletim do CFP N.º 412.
(2) Grando, António Coxito (1959). Dicionário Corográfico Comercial de Angola, Luanda.Edições Antonito, 4ª Edição. 
(3) Magalhães, Alexandre Guedes (1986). Marcas Postais de Angola, Lisboa. Revista «FN-Filatelia-Numismática».

Comentários

  1. Como recordo com saudade esta pequena terra entre 1971/73 que me deu a minha 2ª classe. Vezes sem conta passei por esta placa a caminho do Béu e Sacandica, Postos chefiados pelo meu saudoso pai Francisco Filipe. Pena não haver fotos da escola primária na avenida principal. As que tenho não se vê, apenas me vejo eu criança em cima do escorrega e baloiço na frente da escola. Que saudades do tempo em que fui tão Feliz. Bem haja a quem proporciona alimentar a alma e recordar com carinho outros tempos. Obrigado. Filomena Filipe

    ResponderEliminar
  2. Obrigado Filomena pelo elogio, sou apenas um angolano que colecciona os belos selos dessa bela ex-colónia portuguesa. Não conheço pessoalmente Maquela do Zombo, mas numa futura ida a Angola espero conhecer.
    Obrigado, Célio Frederico

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

MaisPopulares

Angola- correio aéreo via Marselha

  Fig.1 e 2-Sobrescrito enviado de Luanda (22-3-1939) para a Holanda (31-3-1939), pagou de portes 33,75 Ags, 1,75 Ags do correio ordinário para cartas até 20 gramas e 32 Ags para os primeiros 8 portes da sobretaxa do correio aéreo para cartas enviadas via Marselha, sendo 4 Ags por cada 5g. Carta com 37g, em falta o segundo porte do correio ordinário.

Selos Postais 2015-Colónias Portuguesas, 7ª Edição, Mundifil.

Angola-erros nos selos mapa de 1955

O erro mais conhecido é o mapa azul-escuro e que está bem cotado ao nível dos leilões e catálogos da especialidade. Mostro a seguir alguns erros, menos conhecidos, desta série: 1) Ausência da impressão da cor vermelha. 2) Impressão da cor do mar deslocada Cor deslocada 3) Impressão de uma cor deslocada 4) Impressão anómala 5) Mapa amarelo-claro ?? 6) Prova de cor

Angola- Erros

 

Aeromaritime - Luanda-Ponta Negra

  Sobrescrito circulado em 19-7-1939 para Hamburgo, seguiu para Ponta Negra no 3.º voo da Aeromaritime no dia 21-7-39. Pagou 5,75 Ags para pagar 1,75 Ags correspondente ao 1.º porte do correio ordinário para cartas remetidas para o estrangeiro com peso até 20 g, e 4 Ags para o pagamento do 1.º porte da sobretaxa do correio aéreo para cartas remetidas via Ponta Negra/Marselha com peso até 5 g.

Ceres Coloniais-Variedades de Cliché

No velhinho catálogo de Simões Ferreira já estavam catalogadas algumas variedades de cliché: "Em cada folha de 200 selos há uma fenda no quadro superior do 10º exemplar, por cima da letra « A » da palavra « REPUBLICA ». No 26º exemplar dalgumas folhas de 180 selos dos valores de 1, 2, 5, 8 e 10 cent., há uma fenda no quadro por cima da letra « I » da palavra « REPUBLICA ». VC Nº: XXV Nalgumas folhas de 180 selos de 1/2, 1 1/2, 8 e 20 c., no 167º exemplar nota-se um pequeno defeito de impressão à direita dos « RR »» da palavra « CORREIO », que se assemelha a um « C ». Conhecem-se os selos de 10 c . com o escudete do valor plenamente tintado em vez de branco."(1) No passado dia 23 de Maio foi lançado pelo NFACP o livro "Os selos Ceres das Colónias Portuguesas" do Eng. J. Miranda da Mota. Algumas VC catalogadas VC N.º: CCLII (252) VC N.º: XLVIII VC com linhas horizontais/ oblíquas  catalogadas VC N.º: LXX

Falsificações dos selos tipo Coroa de Angola por François Fournier

François Fournier (24 Abril 1846 – 12 Julho 1917) foi um grande falsificador de selos que   se achava como um criador de “ objetos de arte ”. Fournier nasceu em Croix-de-Rozon, Suiça, mas tornou-se um cidadão Francês e serviu o exército durante a guerra Franco-Prussiana em 1870/71. Por volta de 1903 voltou à Suiça e estabeleceu-se em Geneva, onde em   Maio de 1904 comprou o stock de Louis-Henri Mercier , cujo nome verdadeiro era   Henri Goegg . É por esta altura que Fournier começa o seu negócio produzindo selos facsimiles.   Fournier falsificou todos os selos coroa de todas as ex-colónias a partir da coroa de Angola com denteado 12½. No caso de Angola existem algumas diferenças substanciais: A sombra do “ O ” está incompleta; A pétala central do ornamento superior direito está quebrada;   Cores diferentes das originais, porque foram litografadas (os originais foram tipografados ).   G randes margens que mais tarde foram re

Carimbo numérico volante n.º25 de Ambaca

Ambaca – Também conhecida como Pamba .  Ambaca: Conc. com sede em Camabatela. Apeadeiro do C. de Ferro de Luanda, do Concelho de Cazengo, ao Km 276.(2) Povoação comercial de 4ª do Posto de Lucala, concelho de Cazengo, distrito de Cuanza Norte. Servida por uma Estação Telégrafo Postal de 2ª em Lucala (1959), com enc. postais ord., à cobrança e V. P. em Salazar. (2)   Pela Ordem de Serviço nº. 202 de 12.12.1915 foi atribuído carimbo e sinete com o nº. 25. O carimbo volante de Ambaca (Pamba) faz par te do 2º grupo destas marcas que começam no n.º21 e vão até ao n.º30. (1) Estes carimbos foram inicialmente pensados para remediar imediatamente um acidente nos carimbos ou dotar uma estação que vai entrar em funcionamento. No caso de Ambaca parece-me que a primeira justificação é que é válida, pois em 7 de outubro de 1910 com o aparecimento do 8º grupo de carimbos, de acordo com a catalogação de Guedes de Magalhães (3) foi atribuído um

Angola- Conchas de Angola 1974

 1974 – Conchas de Angola. MF566 , 1$00, policromo, papel esmalte, denteado 12x12 ½. , com boa cor e com VALOR E LEGENDA “CORREIOS” OMISSOS. Erro não catalogado.