4 de Dezembro de 1884. A 2ª emissão sobretaxada. (2)
"O esgotamento da estampilha de 5 réis foi acompanhado pelo esgotamento da paciência das autoridades de Macau, pelo que o Governador autoriza a 4 de Dezembro de 1884, a primeira sobretaxa local de 5,10 e 20 réis. Esta alteração não foi publicada no Boletim Oficial, vindo no entanto referida na P.P.Nº 28 de Maio de 1885." (2)Luís Frazão publicou dois grandes artigos com todos os pormenores disponíveis sobre esta e outras emissões coroa no boletim do CFP. Nestes dois artigos de História Postal de Macau não foram abordadas questões relativas aos erros e variedades resultantes da impressão desta sobrecarga.
Para examinar e colecionar os selos coroa de Macau com sobrecarga manuscrita oblíqua é como... abrir a Caixa de Pandora, como referiu John Cross (1), em 1994!
Qualquer
estudo sobre estes selos deverá ter como objeto, no mínimo, metade de
uma folha sob pena de desprezar muitos dos erros existentes, porque a variedade existe catalogada e não é nada pequena.
Os artigos que se seguem terão como base o artigo de John Cross, o primeiro será o estudo do artigo, de seguida a análise de vários catálogos de especialidade e finalmente o terceiro e último artigo será a conclusão/ junção dos dois primeiros artigos.
O artigo de John Cross sobre a emissão das coroas com sobrecarga manuscrita oblíqua
O estudo desta emissão por parte de John Cross é baseado no estudo publicado por Carlos George e Trincão.
Carlos
George e Trincão já tinham feito um grande estudo que estava incompleto,
como é evidente fizeram referência aos dois tipos de denteado 12 ½ e 13 ½.
Contudo não abordaram as variedades das cores dos dois selos base
encontrados com estas sobrecargas (carmim, carmim rosa, verde e verde
claro).
figura 2- Par com os tipos I e II (imagem do catálogo Yang) |
As
sobrecargas do tipo II são aparentemente mais raras nos outros selos do
que no 5r/25r, Carlos George já tinha visto sobre 10r/25r e sobre
20r/25r.
Os Subtipos do Tipo I são baseados no ângulo da sobrecarga:
a) o ângulo de 50º é o mais comum;
b) muito menos comum é o ângulo de 40º.
A classificação dada por G&T mostra precisão, mas um pouco simplista, quando se examina os selos na mão temos:
5r/25 ("e")-52-55º
" ("é")-50-53º
10r/25r- 50-57º
(saliente)-48-50º
("0" e "s" caídos)-40-42º
10r/50r-50-56º
20r/50r-54-58º
40r/50r-53-60º (os 60º é o "40" saliente)
Subtipos do Tipo II- são definidos pela grossura da barra que oblitera o valor antigo do selo (25 reis e 50 reis):
a) barra fina;
b) barra grossa.
Fig. 3-Imagem do artigo de J. Cross |
É
aqui que as coisas começam a ficar mais complicadas do que G&T
delinearam. As barras existem em 4 tipos de grossura! A mais grossa é
encontrada só no tipo I, com apenas uma exceção - o «Réis» em par com
«Reis». Esta barra tem aproximadamente 13 mm de comprimento e 1 mm de
grossura.
A
barra média não catalogada por G&T, eles consideraram como barra
grossa, ou, pelos menos, como a versão do tipo II da barra grossa. É
mais comum (2-3 vezes) em selos do tipo II ("é") do que nos de barra
fina. A barra média é também menos comum, no tipo I ("e"). Esta barra
mede 12-12,5 mm ( na proporção de 2:1) de comprimento e tem cerca de 0,7
mm de grossura.
As quatro barras finas vistas, todas em selos do tipo II ("Réis"), medem 12 mm e cerca de 0,25 mm de altura.
Para resumir o estudo das barras, com "*" a representar variedades da sobrecarga:
Reis Réis
Grossa grossa *
Média* media
fina* Fig.4- "0" e "s" descaídos |
Elementos deslocados da sobrecarga formam outro conjunto interessante de variedades. G&T repararam que certos espécimes do 10r/25r (D. 12 ½) têm o "0" do valor e o "s" de «Reis» descaídos (fig.4). O
catálogo do Simões Ferreira lista o «s» deslocado em todos os valores
da série exceto o 5r/25r. G&T referem-se a um «s» descaído,
enquanto outros referem-se a um «s» subido.
A
confusão deriva do facto que, com a possível exceção do 10r/50r, ambas
as posições descaído e subido do «s» parece ocorrer em igual número nas
folhas. Então qual será o erro?
Outras duas anomalias são encontradas nesta emissão que não se deve a G&T a sua descoberta. O defeito do "R partido" é encontrado na base esquerda como é mostrado na figura. É encontrado em todos os valores mas não em todas as folhas. Nessas folhas onde está presente, o "R partido" pode ser encontrado em todos os selos da segunda coluna das folhas 4 x 7 selos.
Outras duas anomalias são encontradas nesta emissão que não se deve a G&T a sua descoberta. O defeito do "R partido" é encontrado na base esquerda como é mostrado na figura. É encontrado em todos os valores mas não em todas as folhas. Nessas folhas onde está presente, o "R partido" pode ser encontrado em todos os selos da segunda coluna das folhas 4 x 7 selos.
Esta
emissão apresenta, também, (algumas vezes dramaticamente) variações nas
distâncias verticais entre a barra e a porção mais próxima do valor da
sobrecarga (ignorando serifs, que também podem variar). Estas distâncias
(em mm) encontradas em materiais na mão são as que constam na tabela seguinte:
Os
erros grosseiros incluem duplas sobrecargas e sobrecargas invertidas. As
sobrecargas duplas não são referidas no catálogo do Simões Ferreira (SF), mas ambos os
erros aparecem no catálogo Scott e por G&T-5r/25r ("é",
provavelmente com barra média e no denteado 12 ½) e 20r/50r ("e", sobrecarga com ângulo íngreme, denteado ?).
Uma tentativa de saber que variedades de 5r/25r tem a sobrecarga invertida, de acordo com a literatura é um verdadeiro pesadelo.
Reis
denteado 12 ½, barra grossa, ângulo de 50º, rosa carmim.
Réis
denteado 12 ½, barra média, ângulo de 50º, rosa carmim
denteado 12 ½, barra média, ângulo de 40º, carmim
denteado 13 ½, barra média, ângulo de 46º,carmim
denteado 12 ½, barra fina, ângulo de 40º, carmim
O
valor 5r/25r teve pelo menos duas composições (ou mais provavelmente 3
ou 4). O 10r/25r teve pelo menos duas. o 10r/50r aparece em pelo menos
duas composições. O 20r/50r teve pelo menos 3 composições, incluindo a
que tem a segunda coluna com o "R" partido. O 40r/50r teve também pelo
menos duas composições , uma com as mesmas características do 10r/50r
para além do outro "R" partido na primeira coluna.
O
quadro seguinte resume os possíveis tipos que podem ser encontrados
nesta emissão. Cores e distâncias entre o valor e a barra não estão
incluídos. O número de (*) é uma indicação da relativa raridade, com um
(*) é o mais comum.
____________________________________
Bibliografia:
(1)-Cross, John (1994). "Script Surcharged Macau Crowns". P-I nº114.
(2)-Frazão, Luís.As primeiras emissões sobretaxadas de Macau (1.ª parte) (Fevereiro de 1884 a Dezembro de 1885)
(3)-Frazão, Luís.Cronologia das emissões tipo “Coroa” de Macau
(4)-História e Desenvolvimento dos Correios e das Telecomunicações de Macau – Vol. II – História Postal de Macau (1884-1999), Luís Frazão, Outubro 2006
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